segunda-feira, 5 de maio de 2008

Minha primeira vez


Ontem, pela primeira vez, fui assaltada!
Eu estava voltando da casa de uma amiga, sozinha, às 10 da noite! De repente, uma mulher se aproximou e perguntou as horas. Sempre que alguém me pergunta isso, costumo tirar o celular da bolsa e olhar. Mas, dessa vez não fui tão burra (se bem que não adiantou nada), preferi dizer que estava sem relógio! Ela continuou do meu lado, comentou que estava cansada, eu disse que estava com frio e continuei andando normalmente - sem desconfiar de nada. Ela até perguntou onde eu morava ... não é que quase eu ia apontando o prédio? O mesmo instinto que não me deixou tiirar o celular da bolsa me fez não apontar o dedo. [Um fato: Você deve ter medo dos vivos e não dos mortos! O meu problema é : Ter medo dos mortos e não dos vivos! ]
Quando eu finalmente estava me aproximando de casa vi um homem atravessando a rua e vindo na minha direção. Até agora me pergunto: "De onde surgiu aquele elemento?" Ele se aproximou e disse: "Só quero a bolsa". Detalhe: Ele foi levantando a camisa, simulando pegar uma arma, mas, a única coisa que eu vi foi uma barriga gorda e cabeluda! Mesmo assim, entreguei a bolsa na MAIOR tranquilidade do mundo e o carinha antes de sair me perguntou: "O celular ta ai dentro?" Eu olhei bem nos olhos dele (dizem que não pode né?) e disse: "Tá, tá aí sim"! Fiquei pensando : Por que ele acreditou no que eu disse? O celular poderia estar no bolso da calça... do casaco... enfim! Acho que deve ter sido a primeira vez dele como assaltante! Depois disso, a mulher (que me seguiu o tempo inteiro) deu um grito "Ai Meu Deus"! Na hora eu só consegui pensar: "Filha da P.... essa fala era pra ser minha". E então, os dois correram rua abaixo com minha bolsa da Betty Boop.

Cheguei em casa, entrei no quarto dos meus pais e os dois estavam assistindo tv ... Pra não assustar muito, entrei com aquela cara de "não aconteceu nada" e disse: "Acabaram de levar minha bolsa". Mas como é de se imaginar, nessas horas, os pais sabem como tirar os filhos do sério. Existe coisa mais inútil que perguntar: "Por que voltou sozinha uma hora dessa?" "Por que não fez isso... Por que não fez aquilo"? É ... se eu tivesse chegado com um arranhão ou com um olho rocho e chorando feito louca não precisaria me aborrecer com perguntas desse tipo. Eu O-D-E-I-O chorar o leite derramado! D-E-T-E-S-T-O. Odeio ainda mais quando tentam formular hipóteses que, nesse caso, não iriam trazer minha bolsa nem meu celular de volta! O mais estranho nessa história toda é que não fiquei em "estado de choque" (leia-se : Aquela sensação que vc tem diante do inesperado; só consigo descrever da seguinte forma: Nesse momento, o espírito sai do corpo - restando apenas uma matéria sem vida, petrificada, sem ar, totalmente inerte e inútil. Vc não sente o chão mesmo sabendo que ainda está pisando nele). A única coisa que me dá um nó na garganta é imaginar que terei que tirar TODOS os documentos.

Bom ... Fui deitar e lembrei da cena: Uma mulher de estatura mediana, bolsa preta e blusa amarela correndo (correndo muito) ao lado de um homem de bermuda e camisa estampada. E foi aí que pensei: Devo ter pena de mim que perdi "minhas coisinhas", ou deles que em plena às 10 da noite esperavam a primeira otária passar p/ roubarem o que ela tivesse na bolsa? O desespero presente nos passos apressados de cada um deles me fez pensar por que alguns se arriscam por tão pouco; por que se humilham? Dentre muitas teorias que eu tenho nessa minha cabeça inquietante uma delas é justamente esta: "Quando não se tem nada a perder, tudo é valido. Pouco importa se vão achar feio, se vão condenar. Pouco importa o que os outros vão pensar deles , afinal, eles não têm importância alguma p/ os outros".
Eu queria ter raiva, ter vontade de puxar aquela mulher pelo cabelo ou de ver um policial espancando o carinha (cruel, muito cruel). Mas eu não consigo. Ando num momento da minha vida que me recuso a julgar alguém sem saber os verdadeiros motivos que o levou a fazer tal coisa. Não tenho mais coragem pra isso! Só fico imaginado o que vão fazer com o dinheiro que ganharão quando vender o celular ... Será que vão comprar comida? Comprar leite prus mininu piquenu? Ou, vão gastar todinho com maconha, cocaína, craque ou derivados? Que diferença faz? Estamos todos na MERDA! É uma espécie de guerra não declarada. De um lado, os bandidos com a arma na mão, de outro, os mocinhos - bonzinhos, que têm casa, comida e roupa lavada! Como é fácil deitar numa cama quente, encostar a cabeça num travesseiro macio, saber que de manhã o café vai estar na mesa (porque nunca falta comida) e pensar: "Por que eles não trabalham, por que eles não estudam"?

Se aqueles que têm pai e mãe que ficam martelando o dia inteiro no ouvido: "Vai estudar menino", e ainda assim ficam em recuperação, filam aula, desprezam as oportunidades ... o que dizer daqueles que não tem mãe, muito menos pai? Prefiro não dizer nada! Uma observação: Não defendo ninguém! Pra quê? Estamos TODOS na merda (MESMO).
Por: Suyanne
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Cara feia ... pra mim é fome
E cara alegre é a cara de quem come!
(Gabriel, O Pensador)

3 comentários:

Lilian Santana disse...

Ain Suy quanto ao fato d assalto em si...isso é comum ai em conquista!Principalmente nesse horario!
É nessa hora que temos q lembrar daqueles ensinamento bem antigo " Não fale com estranhos"

A gente nunca consegue...+ tb nem sei se nessa hra faria alguma diferença!

Sim...estamos todo mundo na MERDA infelizmente!!

=D

Beijoss!

ps: To sem saco q criatividade pra escrever no blog.

Turma "Chega Mais" disse...

vixii meu primeiramente párabens..vc escreve super bem meu...segundamente..alguem sabe o significado da palavra autoridades..pois eh eu tbm nao sei
realmente nao deve prestar pra muitas coisas msm..terceiramente ( rs) pai e mae eh tudo igual neh..prguntas erradas nos momentos errados...e pra finalizar..violencia e criminalidade nesse pais..ta cada dia pior e agora o que s pode fazer se eles recomendam nao reagi neh

Ps: Lucas Rodrigues

Turma "Chega Mais" disse...

Lukzrodrigues@hotmail.com